Tem uma cena que não sai da minha cabeça: minha tia, sentada no sofá da sala, com a fatura do cartão numa mão e o extrato do banco na outra.
A TV ligada num noticiário qualquer, dizendo que a inflação subiu, o dólar disparou, o mundo tá meio de ponta-cabeça de novo.
Ela me olhou e soltou: “E aí, menino, onde é que eu boto esse dinheirinho pra não sumir?”
Essa pergunta virou um clássico nos últimos anos. E talvez você também já tenha pensado nisso. Afinal, em tempos de crise, escolher entre renda fixa ou variável parece tipo um daqueles desafios de múltipla escolha onde nenhuma opção parece perfeita.
Mas calma, respira. A gente vai descomplicar tudo agora.
O que muda quando o mercado desaba?

Tem gente que só percebe que precisa entender de investimentos quando o caos já bateu na porta. E olha… não é vergonha nenhuma. Muita gente boa tá nesse barco.
Quando uma crise aparece — tipo pandemia, guerra, inflação estourando — o mercado reage como quem levou um susto. Bolsa cai, dólar sobe, confiança vai pro ralo. E aí começa a dúvida cruel: renda fixa ou variável?
A renda variável, que parecia um foguete na fase boa, vira um bicho instável. Já a renda fixa, antes meio sem graça, começa a parecer uma rede segura.
Só que não é só isso, né? Tem nuances, tem riscos dos dois lados. E tem aquela velha pergunta que ninguém responde direito: o que serve pra mim?
Por que a renda fixa voltou a brilhar?
Olha que curioso: teve uma época que ninguém dava bola pra renda fixa. Tipo, “ah, isso aí é coisa de quem tem medo de perder dinheiro”. Mas quando o caos bate na porta, ela volta a ser a queridinha.
E tem um motivo pra isso: os juros subiram. Com a Selic lá em cima, títulos do Tesouro Direto, CDBs, LCIs, tudo isso começou a render bem mais. E com risco baixo. Pra quem quer dormir tranquilo, é um baita alívio.
O João, por exemplo — 33 anos, de Belo Horizonte — contou que trocou suas ações por Tesouro IPCA. “Cansei de ver meu dinheiro evaporando. Pelo menos agora eu sei que vou ganhar alguma coisa.” E ele não tá sozinho.
Mas será que só a renda fixa salva?
E a renda variável, morreu?
Muita gente já decretou o fim da renda variável em tempos de crise. Mas, olha… não é bem assim.
Ela assusta, sim. Varia demais, parece um vai e volta infinito. Só que é nesse vai e volta que muita gente vê oportunidade. Comprar na baixa e esperar subir. É arriscado? É. Mas pode ser recompensador.
A Vanessa, de 29 anos, aqui de Salvador, começou a investir em ações justamente quando a bolsa caiu forte. “Comprei Itaú e Petrobras baratinho. Agora tô segurando, sem pressa. Vai demorar? Vai. Mas tenho tempo.”
A renda variável é pra quem tem estômago e horizonte longo. Mas mesmo quem tem medo pode usar com jeitinho, misturando com renda fixa. Equilibrar é o segredo.
Como encontrar seu equilíbrio sem perder o sono?
A real é que não existe resposta universal. O que serve pra você talvez não sirva pra mim. E vice-versa.
Por isso, em vez de perguntar “renda fixa ou variável”, a pergunta deveria ser: “quanto eu posso arriscar sem me desesperar?”
A dica aqui é dividir seu dinheiro por objetivos. Aquela reserva de emergência? Renda fixa, sem dúvida. O dinheiro que você vai usar daqui 3 anos pra uma viagem? Pode ser um mix.
Agora, a grana pro futuro lá na frente? Aí vale colocar um pouco mais em ações ou fundos, se fizer sentido pra você.
Pensa assim: a gente não precisa escolher um lado só. Dá pra equilibrar, testar aos poucos, entender como você reage.
Tenha uma reserva emocional, não só financeira
Parece bobagem, mas não é: em tempos de crise, o que mais falta é paz de espírito. Ter um dinheiro guardado é ótimo. Mas ter clareza emocional sobre o que você quer é ainda melhor.
Muita gente vende ação na baixa porque entra em pânico. Ou deixa de aplicar num CDB bom porque ouviu o primo dizendo que “a bolsa vai explodir”. O medo e a ganância são péssimos conselheiros.
Quer investir melhor? Se conheça melhor. Isso ajuda mais que qualquer guru do YouTube.
Não siga modinhas de rede social
Sabe aquele vídeo que aparece no seu feed dizendo que “fulano ficou milionário com cripto em 2 meses”? Pois é. Isso vende muito… e entrega pouco.
Em tempos de crise, a tentação de buscar atalhos é enorme. Mas é aí que mora o perigo. Nem todo mundo mostra os tombos que levou antes de acertar.
Antes de decidir entre renda fixa ou variável, olha pra sua vida, seus planos, seu momento. E decide por você. Não pelo hype.
FAQ – Perguntas frequentes sobre renda fixa ou variável
1. Qual tem menos risco em tempos de crise?
Renda fixa costuma ser mais estável e previsível, especialmente com juros altos. Mas mesmo ela tem nuances — alguns títulos oscilam também. Não é blindada, mas é menos montanha-russa.
2. Posso ter os dois tipos ao mesmo tempo?
Sim, e na real, isso é o ideal pra muita gente. Ter parte em renda fixa dá segurança, enquanto a renda variável pode trazer mais retorno no longo prazo.
3. E se eu tiver pouco dinheiro? Compensa investir?
Compensa, sim. Dá pra começar com 30, 50 reais. O Tesouro Direto, por exemplo, aceita aportes baixos e tem opções acessíveis pra iniciantes.
4. Dá pra mudar de um tipo pro outro depois?
Claro! Muita gente começa na renda fixa, ganha confiança e vai testando a variável. Ou o contrário. O importante é entender os prazos e custos de cada mudança.
5. Como saber qual produto de renda fixa escolher?
Olha o prazo, o rendimento, se tem imposto, se é coberto pelo FGC… Parece muito, mas com uma pesquisa básica, você já entende o essencial.
6. A renda variável é só ações?
Não! Tem fundos, ETFs, BDRs… Ações são só uma parte. E hoje dá pra acessar tudo isso pelo celular, com apps que explicam direitinho como funciona.
Conclusão
Tem uma coisa que ninguém te conta sobre investir: às vezes, a maior dúvida não é sobre dinheiro, é sobre a gente mesmo. Quando a crise aperta, bate aquele pânico, aquele “e agora?”.
Só que, no fim das contas, talvez a pergunta certa nem seja “renda fixa ou variável”. Talvez seja só: “o que me faz dormir melhor à noite?”
A resposta certa não tá no gráfico, nem no economista da TV. Tá no seu momento, nos seus planos, no que te faz respirar aliviado no fim do mês.
Então, se você parar tudo agora e pensar bem… o que faria sentido pra você hoje?